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PALAVRA IMAGEM
Galeria Bolsa de Arte, Porto Alegre, 2005

A caligrafia, arte do desenho manual das letras e palavras, vem sendo usada como elemento expressivo por Arnaldo Antunes desde o começo da década de 80. Seu primeiro livro (“Ou E”, edição do autor, 1981) era todo caligráfico, movido pela idéia de uma “entonação gráfica”, isto é, buscando nos traços e curvas da escritura manual, correspondências visuais dos recursos entoativos da voz.

 

Desde então, Arnaldo dá prosseguimento a essas pesquisas, entre outras formas de poesia visual, em exposições, livros, cartazes, revistas e outros meios.

 

Na exposição na Bolsa de Arte de Porto Alegre, Arnaldo reúne trabalhos originais e reproduções dos poemas visuais e trabalhos gráficos realizados ao longo de sua carreira.

 

A série de caligrafias foi, em parte, desenvolvida em 1998, quando Arnaldo e Walter Silveira realizaram a exposição "Handmade, Ideogramas, Caligramas e etc.”, no Espaço de Arte Ybakatu, em Curitiba, Paraná. Outra parte ele fez em 2002 para a exposição “Cérebro Sexo”, realizada na Fundación Centro de Estudos Brasileiros, em Buenos Aires, Argentina. O restante dos trabalhos foram elaborados a exposição “Escrita à Mão”, no Centro Cultural Maria Antônia, da Universidade de São Paulo, em 2003. São  trabalhos realizados com tinta de carimbo (preta, vermelha, azul e verde) sobre papel de gravura (no formato de 0,78 m por 1,06 m). Usando os próprios tubos de tinta como pincel, a largura do traço dependia da pressão exercida sobre eles no instante/gesto da escrita/desenho. As cores, o comprimento e espessura das linhas, a curvatura, a disposição espacial, a velocidade, o ângulo de inclinação dos traços da escrita, geram sugestões de sentidos que ampliam as possibilidades de significação dos poemas.

 

A série cartazes coloridos é formada de poemas retirados do livro “Palavra Desordem”. No livro. a diagramação de cada página já era pensada como um cartaz. A síntese, a concentração e o gosto lúdico pela linguagem dão o tom de cada poema, agora coloridos. Epigramas, ditados, aforismos, máximas, axiomas, provérbios ou refrões. Slogans, ou antes, anti-slogans, já que não se prestam a divulgar nenhum produto, nem transformar em produto nenhuma idéia. Ao contrário, as frases de Arnaldo Antunes carregam um caráter libertário que pode ser explicitamente notado, tanto em relação à linguagem e seus usos, como em relação à vida em si (onde a linguagem nasce, “ou faz-se”). 

Esta exposição na Bolsa de Arte de Porto Alegre é para ver lendo, ler vendo, ao mesmo tempo.

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