

“Depois de um álbum (RSTUVXZ) em que alternava rocks e sambas, com seus pesos rítmicos característicos, tive vontade de me voltar mais para as canções, num registro sereno, com poucos elementos, mais próximo da maneira como foram compostas ao violão, acentuando as relações entre letra e melodia, saboreando mais as sílabas”.



O Real Resiste foi gravado no sítio-estúdio Canto da Coruja, no interior de São Paulo, entre árvores, banhos de lago, cavalos, cachorros, crianças e galinhas.
Arranjado com a mesma formação em todas as suas 10 faixas (Cézar Mendes no violão de nylon; Daniel Jobim no piano; Dadi na guitarra, baixo e okulele; Chico Salem na guitarra e violões de aço e nylon), esse álbum apresenta uma sonoridade mais uniforme, tecida apenas com piano e instrumentos de cordas (sem bateria, percussão ou programações).
Gravado com os músicos tocando quase sempre juntos, buscando uma identidade original a partir desses poucos elementos, O Real Resiste se diferencia dos últimos trabalhos, que variavam diferentes gêneros e formações instrumentais em suas faixas.
A sonoridade remete à sua fase mais intimista e concentrada nas canções, que resultou em Qualquer (2006) e na turnê registrada em Ao Vivo no Estúdio (2007).
Além da faixa título O Real Resiste, evidentemente política, comentando com certa perplexidade o que estamos vivendo nos tempos atuais, como num pesadelo do qual haveremos de acordar; o álbum também abre espaço para outras temáticas como o amor (De Outra Galáxia, com Marcia Xavier), a morte (Termo Morte), a questão indígena (Dia de Oca), a relação com os filhos (Na Barriga do Vento, composta com Carlinhos Brown, Pedro Baby, Pretinho da Serrinha e Marcelo Costa, durante a turnê dos Tribalistas), além de uma homenagem a João Gilberto (João), em parceria com Cézar Mendes.
